Hypatia de Alexandria ( 350–370 - 8 de março de 415 d.C.) foi uma neoplatonista grega e filósofa do Egito Romano, a primeira mulher documentada como sendo matemática. Como chefe da escola platônica em Alexandria, também lecionou filosofia e astronomia.
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Destaque que mostra Hypatia na A Escola de Atenas - obra do pintor renascentista Rafael |
Entre os seus feitos incluem-se o aperfeiçoamento do astrolábio – um instrumento que mil anos depois ajudaria os portugueses a conquistar o globo pelos mares –, assim como um conjunto de textos nos quais explica, com extraordinária simplicidade, algumas das grandes (e complexas) ideias científicas e filosóficas do classicismo helênico. Para esta mulher, o conhecimento devia ser acessível a todos.
Mas os tempos eram perigosos e o ambiente social, político e religioso era instável. Alexandria estava tornando-se um fervilhante caldeirão de intolerância. Aproveitando o caos, uma nova força começou a ganhar cada vez mais poder: o cristianismo.
Depois de ter enfrentado o machismo legado pelos grandes da filosofia clássica, chegava a vez de Hypatia ter que lidar com a misoginia dos teólogos da igreja cristã. O próprio São Paulo, numa das suas epístolas, protestava: “não permito que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre os homens, mas que esteja em silêncio.” Prevendo dias difíceis, Hypatia decide arregaçar as mangas e usar a sua influência para combater o crescente poder dos intolerantes cristãos.
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| “Compreender as coisas que nos rodeiam é a melhor preparação para compreender o que há mais além” - Hypatia |
De acordo com o relato de Sócrates, o Escolástico, numa tarde de março de 415, quando regressava do Museu, Hypatia foi atacada em plena rua por uma turba de cristãos enfurecidos. Ela foi arrastada pelas ruas da cidade até uma igreja, onde foi cruelmente torturada, apedrejada e esquartejada. Depois de morta, o corpo foi lançado a uma fogueira.
A morte de Hypatia, em 415, acabou por marcar o fim de uma era de racionalidade e conhecimento e a entrada na chamada “idade das trevas”. A ciência iria emudecer até ao Renascimento e a voz emancipada das mulheres por muito mais tempo.
"Fábulas deveriam ser ensinadas como fábulas, mitos como mitos, e milagres como fantasias poéticas. Ensinar superstição como verdade é uma coisa terrível. A mente infantil aceita e acredita nelas, e apenas por meio de grande dor e, talvez, tragédia, pode anos mais tarde se livrar delas. Na verdade, os homens lutam por uma superstição tão rapidamente quanto por uma verdade viva - às vezes até mais rápido -, uma vez que a superstição é tão intangível que você não consegue chegar até a ela para refutá-la, mas a verdade é ponto de vista, e, como tal, é mutável." - Hypatia
Para saber um pouco mais da vida da Hypatia:
- Entrevista com o historiador Jordi Mata em um programa espanhol chamado 'Las Tardes de Pedro Ribas'. Apesar da entrevista ser em espanhol, eles falam razoavelmente devagar e dá pra entender muita coisa:
- Livro Hipatia de Alexandria da autora Maria Dzielska
- Ágora, um filme dirigido por Alejandro Amenábar, fácil de encontrar para assistir.
Referências:
- http://obviousmag.org/archives/2011/05/hypatia_uma_cientista_num_mundo_de_homens.html
- http://en.wikipedia.org/wiki/Hypatia
- http://www.travessa.com.br/HIPATIA_DE_ALEXANDRIA/artigo/fbbd3cca-2040-4a69-902e-9635df509c30
- http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81gora_(filme)